Manutenção de jatos cresce, mas há gargalo


Valor Econômico
Manutenção de jatos cresce, mas há gargalo
Falta de espaço em aeroportos congela projetos de três companhias, que somam quase R$ 70 milhões
Alberto Komatsu De São Paulo

Planos de expansão das empresas que fazem manutenção de jatos executivos e aviões de pequeno porte estão em compasso de espera por causa da falta de espaço nos principais aeroportos do país. Líder Aviação, Oceanair Táxi Aéreo e TAM Aviação Executiva poderiam aplicar em conjunto quase R$ 70 milhões para pelo menos dobrar de capacidade. Isso porque elas têm visto a demanda por reparos crescer até 20% por ano.

O mercado de manutenção está tão aquecido que a TAM Linhas Aéreas, antes da união com o grupo chileno LAN, negociava uma fusão com as maiores do mundo na área de manutenção. A ideia é criar uma empresa independente, mas o surgimento da Latam colocou o plano em banho maria. A Gol também enxerga potencial nesse negócio e pretende oferecer reparos para aviões de outras companhias aéreas, pois só repara sua própria frota. (Ver texto abaixo)

Tanto as empresas de táxi aéreo e revenda de aeronaves, como as de voos regulares de passageiros projetam que a manutenção tem potencial para aumentar sua colaboração na receita. Só a soma do que já foi desembolsado pelas companhias que fazem manutenção de jatos executivos alcança R$ 230 milhões. Juntas, a TAM Linhas Aéreas e a Gol já aplicaram quase R$ 300 milhões em seus centros de manutenção.

As empresas de aviação executiva reclamam da escassez de áreas para ampliar suas bases de manutenção, que têm de estar em aeroportos para o recebimento e entrega da aeronave reparada. "Hoje enfrentamos uma grande dificuldade que é a falta de espaço nos aeroportos", afirma a superintendente da Líder, Júnia Hermont.

A Líder investiu o equivalente a R$ 183 milhões para ter sua atual estrutura de reparos em aeronaves, setor que responde por 10% do seu faturamento. A companhia quer dobrar sua capacidade atual de reparos mensais em 45 aeronaves (jatos e helicópteros) para 90 unidades, com investimento de R$ 51 milhões.

A empresa tem bases de manutenção em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. A Líder faz fretamento de jatos e helicópteros e venda de aviões da Hawker Beechcraft Corporation.

A Oceanair Táxi Aéreo, representante dos jatos da Bombardier, investiu R$ 34 milhões para ter sua estrutura de manutenção nos aeroportos de Congonhas e de Sorocaba (SP). O diretor comercial da empresa, José Eduardo Brandão, estima que seriam necessários mais R$ 8,5 milhões para expandir a capacidade atual, de 40 aeronaves reparadas por mês. "Os aeroportos estão sobrecarregados. Por isso, não conseguimos crescer em manutenção", diz Brandão.

A TAM Aviação Executiva, que não faz parte da Latam, planeja um investimento de R$ 7,5 milhões em um centro de manutenção em Belo Horizonte, no Aeroporto da Pampulha, mas a área ainda está sendo negociada. A companhia já desembolsou R$ 15 milhões na base de Jundiaí, no interior paulista.

O presidente da TAM Aviação Executiva, Fernando Pinho, conta que a área de manutenção é a que mais cresce, em comparação com os fretamentos de voos e vendas de jatos da Cessna e dos helicópteros da Bell.

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