Companhias aéreas como a Azul estão adotando a política “APU Zero”, que consiste em desligar a Unidade Auxiliar de Potência (APU) sempre que possível durante a permanência da aeronave em solo. Em vez de usar essa turbina auxiliar, as aeronaves passam a ser conectadas a fontes externas de energia elétrica e ar-condicionado fornecidas pelos aeroportos.
Com essa medida, a Azul já reduziu em mais de 70% o consumo de querosene em solo, economizando cerca de 90 milhões de litros de combustível e evitando a emissão de 190 mil toneladas de CO₂ em menos de três anos. A tendência também está sendo adotada por empresas como a easyJet e por aeroportos que oferecem energia 400 Hz e sistemas de ar pré-condicionado (PCA).
O que é a APU – e por que desligá-la?
A APU é um pequeno gerador instalado geralmente na parte traseira do avião. Ela fornece energia elétrica, ar-condicionado e permite a partida dos motores principais quando não há outra fonte disponível. Apesar de útil, a APU é pouco eficiente: consome até seis vezes mais combustível que uma unidade de energia em solo (GPU). Segundo a IATA, o uso racional da APU pode representar até 4,4% de economia de combustível nas operações aéreas.
Programa APU Zero: O Caso da Azul
Como funciona
Ao chegar em um aeroporto participante, o avião é imediatamente conectado a energia elétrica de solo (400 Hz) e ar-condicionado externo, sem precisar ligar a APU durante o tempo em solo.
Resultados alcançados
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Redução de 70% no uso de querosene em solo, em 20 aeroportos.
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Economia de 90 milhões de litros de combustível, equivalente a 37 mil voos entre Rio e São Paulo.
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190 mil toneladas de CO₂ deixaram de ser emitidas.
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O uso da APU caiu de 70% para 20% do tempo de solo em apenas um ano.
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A iniciativa foi expandida para aeroportos como Florianópolis, Vitória e Fortaleza, com apoio de operadores aeroportuários.
Tendência Global de Sustentabilidade na Aviação
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A easyJet tornou o projeto “APU-ZERO” permanente em Milão-Malpensa após testes iniciados em 2024.
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A Honeywell estima que 700 aviões operando com uso otimizado da APU economizam 630 mil galões de combustível e evitam 6.300 toneladas de CO₂ por ano.
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Aplicativos como o SkyBreathe® ajudam tripulações a monitorar e reduzir o tempo de APU em solo, promovendo a eficiência energética.
Vantagens de Reduzir o Uso da APU
Benefício | Detalhes |
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Economia de combustível | Reduz até 2,5% do consumo total. |
Menos emissões e ruído | A APU é barulhenta e poluente; seu desligamento melhora o ambiente no pátio. |
Menor desgaste de componentes | Menos uso significa menos manutenção. |
Marketing sustentável | Gera reconhecimento e fortalece compromissos com metas ESG (Ambiental, Social e Governança). |
Desafios e Limitações da Estratégia APU Zero
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Dependência da infraestrutura aeroportuária: nem todos os portões oferecem energia 400 Hz ou ar-condicionado confiável.
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Conforto térmico: em dias muito quentes ou frios, o sistema externo pode não ser suficiente.
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Possíveis atrasos: falhas no GPU ou PCA podem impactar partidas.
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Custos iniciais para aeroportos: investimento em equipamentos e capacitação.
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Partida dos motores: sem a APU, é necessário ter disponível uma unidade externa de partida (air start unit).
Como Superar os Desafios
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Planejamento integrado entre companhia aérea, aeroporto e fornecedores de energia.
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Tecnologia em tempo real, como apps que indicam o tempo de APU e sugerem desligamento.
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Políticas claras de exceção, como uso permitido da APU em casos de calor extremo ou passageiros com mobilidade reduzida.
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Expansão gradual, como fez a Azul, testando em um aeroporto antes de aplicar em outros.
Conclusão
Desligar a APU em solo é uma ação simples com grande impacto: gera economia de combustível, reduz emissões de CO₂, diminui ruídos no aeroporto e contribui para uma aviação mais sustentável. Apesar dos desafios técnicos, a tendência é clara: o futuro da aviação também se constrói em solo — e cada minuto com a APU desligada faz a diferença.
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