Diplomacia norte-americana acredita que Lula bloqueia a modernização de caças franceses para ajudar a França

06/12/2010

da Redação
Os comunicados diplomáticos trocados entre os membros do governo norte-americanos, e divulgados pelo Wiki Leaks, mostram uma preocupação daquele país com uma suposta predisposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comprar caças da França no processo seletivo conhecido como F-X2, que vai escolher os novos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Os norte-americanos asseguram o problema não é preço, pois os F-18, fabricados pela Boeing, são mais baratos que os Rafale, produzidos pela Dassault. Além de questões de relação entre os países, o caça norte-americano fica em desvantagem por conta da exigência que os aviões sejam acompanhados de uma ampla transferência de tecnologia.

Segundo as mensagens, o governo brasileiro desconfia que os norte-americanos não vão cumprir o contrato. A relação entre os dois países já foi afetada por conta de restrições de Washington na questão tecnológica. O Consulado em São Paulo lembra que, em agosto de 2009, os Estados Unidos proibiram a venda de caças Super Tucanos — fabricados pela Embraer, mas com alguns componentes tecnológicos norte-americanos — para a Venezuela.

No entanto, os Estados Unidos continuam tentando, até o último minuto, convencer Lula de que a oferta da Boeing para modernizar parte da frota da FAB com 36 caças F-18 Super Hornet é melhor que a proposta da francesa Dassault.

Recentemente, a Boeing fortaleceu sua proposta mediante oferta de transferência de tecnologia de importantes elementos que compõem o F-18. Apesar dos esforços, o governo brasileiro ainda estaria reticente. “É possível que o renovado interesse do governo seja apenas uma estratégia para que os franceses abaixem o preço”, sugerem.

Também há desconfiança de que Lula enxergue o projeto F-X2 como uma forma de se tornar mais “popular” internacionalmente. “Desde que Sarkozy foi eleito, a França se tornou parceira de todas as aspirações brasileiras, apoiando até seus esforços para se tornar membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, uma antiga ambição brasileira”.

O presidente francês também declarou que o G-8 deveria se abrir para os países em desenvolvimento. “Sarkozy alimenta o mito de que a França é o sócio perfeito para os países que não querem depender da tecnologia dos EUA”.
Fonte: Revista Aero Magazine

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