Setor de carga aérea à beira do colapso


Aviões velhos, falha de segurança, problema financeiros e fraudes atingem empresas que prestam serviço a Correios e BC

Geralda Doca e Fábio Fabrini

Pivô do escândalo de tráfico de influência na Casa Civil e sem voar para os Correios desde 27 de setembro, a Master Top Airlines (MTA) não é a única empresa de carga aérea em dificuldade no país.

Responsável por carregar encomendas dos brasileiros e parte do dinheiro enviado pelo Banco Central aos estados, o setor está em situação complicada. Aviões velhos, falhas de segurança, obstáculos financeiros e falta de documentação são problemas comuns às companhias, não raro envolvidas em fraudes.

Correios e BC são os principais clientes do segmento por necessitarem de serviços constantes e serem fonte de receita garantida.

Segundo a Anac, cinco das nove companhias domésticas foram proibidas de voar.

Entre as quatro com autorização está a MTA, que deveria fazer as linhas de Salvador e Recife para os Correios, mas não decola mais. A inoperância obriga a estatal a contratar emergencialmente espaços nos porões de companhias de passageiros, pagando caro por isso. Só nos últimos três meses, foram gastos R$ 3,3 milhões para substituir as empresas. O serviço é prejudicado, com atraso nas entregas.

- Isso tem um impacto muito forte no esquema operacional, admite o chefe do Departamento de Encaminhamento e Administração de Frota dos Correios, Carlos de Sousa Montenegro.

Na quinta-feira, a Anac proibiu de levantar voo outra contratada dos Correios, a Air Brasil, que faz a linha São Luís-Teresina-Belo Horizonte-São Paulo-Rio. Além de ter problemas em equipamentos, a empresa voava sem autorização e cumpria mais horas de voo do que podia.

Também estão proibidas de levantar voo as cargueiras TAF e Beta (que tinham contratos com os Correios até o fim de 2009) e a Skymaster. Segundo a estatal, em dezembro um avião da TAF bateu num elevador de carga em Guarulhos. Semanas depois, outro avião da empresa bateu numa árvore e fez um pouso forçado em Parintins (AM).

Devido aos incidentes, a Anac suspendeu o Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo (Cheta), que precisará passar por nova certificação.

Fonte: O Globo

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