Nos EUA, maior distância para pousar


Valor Econômico
Nos EUA, maior distância para pousar
Todos os aviões devem manter espaço mínimo de 16km de novos modelos da Boeing
Andy Pasztor e Peter Sanders The Wall Street Journal


Os mais novos modelos de jatos comerciais da Boeing, que já estão sofrendo com enormes gastos extras e atrasos de cronograma, enfrentam um novo desafio: as autoridades de segurança dos Estados Unidos adotaram regras preliminares exigindo que outros aviões mantenham distâncias maiores atrás deles durante o pouso.

As restrições da Administração Federal de Aviação, conhecida pela sigla FAA, são provisórias e muitas pessoas do setor acreditam que elas serão substancialmente relaxadas, uma vez que os testes de voo tenham sido finalizados. Mas a decisão relativa ao espaço extra, comunicada aos controladores do tráfego aéreo na semana passada, levanta questões sobre a extensão das restrições operacionais que a agência pode vir a impor ao Boeing 787 Dreamliner e ao novo Jumbo 747-8.

O padrão provisório determina que todos os aviões, independente do tamanho, fiquem a uma distância de pelo menos 16 quilômetros atrás dos últimos modelos da Boeing durante grandes porções da descida. Isso é mais do dobro da distância que muitos aviões hoje têm que manter atrás do 747-400, o maior jato da Boeing em operação.

A distância e outras restrições - especialmente em torno dos grandes aeroportos de conexão - poderiam frustar linhas aéreas como a All Nippon Airways (ANA), a Japan Airlines e a Cargolux Airlines International, que estão entre as primeiras candidatas a colocar os modelos da Boeing em operação. A previsão é de que os Boeings 787 comecem a voar com passageiros pela ANA, depois do primeiro trimestre de 2011, e as primeiras entregas dos aviões de carga 747-8 também devem ocorrer por volta de meados do ano que vem.

A obrigação de manter margens extras de segurança durante a fase final de aproximação de aeroportos congestionados pode reduzir a capacidade total e complicar o lançamento dos novos jatos. Uma porta-voz da FAA disse na segunda-feira que os padrões revistos devem ser adotados depois do fim dos testes de voo, mas não quis dar mais detalhes.

O documento que anuncia os "procedimentos e padrões de separação" provisórios os considera "conservadores" e indica que uma "orientação final será disponibilizada", depois que os resultados dos testes de voo tenham sido avaliados. Mas o documento indica que as restrições provisórias poderão continuar em vigor até o fim de outubro de 2011.

Representantes da Boeing não quiseram comentar.

O aviso da FAA diz que a turbulência gerada pelos modelos 747-8 e 787 - basicamente, os redemoinhos gerados pelas pontas das asas - "pode ser mais substancial que aquela" criada por Jumbos ou jatos de fuselagem larga já existentes, tais como o Boeing 747-400 e o Airbus A340.

Com quase três anos de atraso em relação ao cronograma inicial, o desenvolvimento do 787 foi retardado por questões de projeto, problemas de fabricação e o mal funcionamento do motor. O desenvolvimento do 747 longo foi adiado por dificuldades de produção e teste, incluindo problemas de aerodinâmica descobertos durante os testes de voo, que poderiam afetar as características da turbulência.

Esse tipo de turbulência normalmente aumenta com o peso da aeronave. De mais de 450 toneladas, o peso máximo de um 747-8 na decolagem deve ser cerca 7% superior ao do maior modelo 747 hoje existente, mas perto de um terço menor que o de um Jumbo A380 totalmente carregado.

O A380 enfrentou anos atrás seus próprios desafios com problemas de turbulência. Os especialistas internacionais em segurança inicialmente exigiram que os controladores seguissem procedimentos determinando que os aviões mais próximos reduzissem a velocidade ou esperassem mais para decolar, para garantir uma distância suficiente para que a turbulência se dissipasse. As primeiras regras criaram controvérsia e desafios de marketing para o fabricante do Airbus, mas elas foram relaxadas mais tarde, com a redução das exigências de distância.

Como as questões de turbulência do A380, o debate sobre exigências extras para os últimos modelos da Boeing foram de alguma forma silenciadas por causa da queda do tráfego aéreo dos níveis recordes antes dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Comentários